Todas as ações devem ser pensadas desde a fase de concepção do projeto
Portal Mapa da Obra
Por Carla Rocha
Aumentar a produtividade no canteiro de obras continua sendo um dos maiores desafios da construção civil brasileira. Esse desafio se tornou mais evidente nos últimos anos com a crise do coronavírus. Com a retomada do crescimento despontando no horizonte, é importante garantir que as equipes de obra sejam mais produtivas. Algumas construtoras estão no caminho para implementar programas efetivos de produtividade, seja no gerenciamento assertivo da operação em canteiro de obras ou utilizando tecnologias e equipamentos que melhorem a qualidade do trabalho, principalmente, a que compõe a parte mais operacional de uma edificação e onde a mão de obra mais carece de capacitação.
Para Sergio Domingues, diretor técnico da Tarjab, a produtividade está muito relacionada à questão do desperdício, que também pode ser correlacionada com a sustentabilidade. A ação da produtividade precisa estar, antes de mais nada, inserida dentro de um contexto holístico do ponto de vista da industrialização. “Ou seja, quando vou pensar em produtividade, eu já fui para o canteiro de obras, mas antes preciso conceber meu projeto de forma industrializada. Preciso começar a pensar na época da concepção do projeto, de como vou fazer a industrialização da minha obra”, aponta. Um ponto primordial para evitar erros é justamente entender que a industrialização precisa ser pensada e elaborada na fase de concepção de projeto e não quando o projeto já está começando a ser executado. “Para que, efetivamente, eu consiga fazer a industrialização com a minha cadeia de suprimentos e fornecedores”, complementa.
Dicas para melhorar a produtividade em obra
A produtividade em obra está justamente aliada tanto à concepção dos projetos executivos quanto à capacidade de pensar em sistemas construtivos em sua totalidade e não pensar apenas em insumos. A ideia, na questão de produtividade, é parar de pensar em adquirir insumos de material, de mão de obra e equipamento, e fazer essa ligação entre os três itens como projeto, sistemas construtivos e preparo dos profissionais que farão a execução dentro do canteiro de obras. A industrialização da construção é algo que pode auxiliar muito na produtividade, pois agiliza alguns processos. “Quero comprar o conjunto deles já realizado em uma fábrica fora do meu canteiro de obras, compro um sistema pronto. Exemplo das vedações de alvenaria – ao invés de comprar o bloco e a argamassa, quero comprar a parede pronta. Quero comprar e instalar no meu canteiro de obras”, ressalta o diretor da Tarjab.
A construtora e incorporadora, por exemplo, já implementou algumas ações voltadas para a produtividade em canteiro e realiza um projeto de produtividade em todo início de obra antes de alocar cada profissional em uma determinada atividade. Com informações atualizadas desses profissionais que compõem a equipe de canteiro de obras, outra equipe multidisciplinar auxilia na seleção desse time, que considera diversos fatores, como as suas características, habilidades e competências antes de definir qual a sua melhor posição na obra.
Além disso, e dos projetos executivos, a empresa também tem desenvolvido outros projetos que influenciam diretamente nos resultados de produtividade. “Pegamos o dimensionamento dos projetos executivos (de instalação, arquitetura, estrutura, e de todas as demais disciplinas que existem para conceber uma edificação) e traduzimos isso de forma a montar um sistema construtivo fora do canteiro de obras, para que possamos encaixá-los no canteiro”, ressalta. Um dos principais cuidados envolve as interfaces de ligações entre os sistemas construtivos.
Quando se concebe um sistema construtivo de estrutura reticulada de concreto armado é preciso pensar também em como o próximo sistema construtivo a ser instalado na obra será realizado. “Por exemplo: o sistema de vedações, que fazemos com parede de gesso acartonado, como ele vai ‘conversar’ de forma a ter uma integração em que não crie uma patologia construtiva e tenha problema de manutenção no pós-obra com o próximo sistema”, complementa.
Matéria Publicada originalmente no Portal Mapa da Obra