ChatGPT uma ferramenta valiosa para ajudar a formular perguntas na negociação imobiliária
Por Imobi Report
Para se aprofundar nas reais necessidades dos clientes, uma das especialidades exigidas aos corretores de imóveis é a capacidade de fazer as perguntas certas. Não adianta, nesse momento, ser generalista: cada caso é um caso e é fundamental que o profissional consiga identificar o que é inegociável ao comprador para que o negócio se concretize.
Além de amplo conhecimento no mercado em que atua, estudo sobre o perfil do cliente e compreensão do que ele está buscando, surgiu há alguns meses no mercado uma ferramenta que pode ajudar o corretor na escolha e definição das perguntas certas para condução da negociação: o chatGPT.
O Imobi Vendas conversou com especialistas em tecnologia e no mercado imobiliário que nos ajudaram a conectar esses dois pontos e entender como a inteligência artificial pode, sem sutilezas, movimentar a profissão do corretor.
Maior transparência e objetividade para o processo de compra e venda
O mercado de inteligência artificial e chatbots expandiu-se consideravelmente devido à crescente necessidade de tecnologias de processamento de linguagem natural. Isso resultou em novas perspectivas para as empresas que fornecem soluções baseadas em ChatGPT e tecnologias comparáveis, uma vez que elas têm sido capazes de economizar recursos e tempo preciosos para automatizar tarefas e procedimentos comerciais recorrentes.
O ChatGPT, de forma prática e intuitiva, permite que qualquer pessoa faça perguntas e obtenha respostas claras e objetivas em questão de instantes. Aplicada essa realidade ao mercado imobiliário, os clientes podem captar informações precisas e imparciais sobre as propriedades, assim como tirar dúvidas sobre o processo de compra e venda de uma forma geral.
O coordenador de marketing digital e pré-venda da construtora Tarjab, de São Paulo, Henrique Santana, considera evidente e inegável que as novas tecnologias podem ajudar a melhorar a transparência e a objetividade do processo de compra e venda de imóveis.
De acordo com Santana, o ChatGPT pode ser utilizado no mercado imobiliário para estruturar perguntas adequadas em diferentes momentos do atendimento ao cliente, desde o direcionamento do primeiro contato até a negociação final para fechamento da venda.
No entanto, é necessário ter cautela para não pecar pelo excesso de tecnologia. “O profissional deve entender que o ChatGPT é uma ferramenta complementar. Ela ajuda a fornecer informações adicionais e pode agilizar o processo de venda de imóveis, mas nunca deve ser substituída pelo apelo humano”, reforça. “Quem tem capacidade de alterar diretamente o mercado imobiliário somos nós, os profissionais do segmento”.
Para Vinícius Gallafrio, CEO da MadeinWeb, provedora de TI e Transformação Digital que possui mais de 25 anos na área e clientes no mercado imobiliário, o auxílio da ferramenta é poderoso porque a tecnologia permite a análise em tempo real de grandes volumes de dados.
“Com essa análise, o corretor de imóveis consegue identificar de forma ágil as tendências do mercado. Assim, ele pode fazer perguntas precisas a partir das informações que são entregues pela ferramenta, esclarecendo as dúvidas dos clientes muitas vezes em tempo real”, avalia ele.
Com isso, a ferramenta gera um ciclo em que conforme os corretores podem tomar decisões com base em amostra de dados, eles podem também orientar e influenciar a escolha de seus clientes.
Fazer as perguntas certas depende de treinamento da ferramenta
O ChatGPT é visto pela Tarjab como capaz de gerar um impacto positivo na venda de imóveis. Mas isso depende de seu uso adequado, responsável e inteligente. “O ChatGPT deve ser treinado adequadamente e usado de maneira inteligente para que possa aumentar a eficiência dos atendimentos a partir da personalização”, diz o coordenador da construtora.
Gallafrio vai ao encontro do argumento. Para ele, se o corretor de imóveis souber educar o ChatGPT com informações sobre casas, apartamentos e como atender bem as pessoas que querem comprar ou vender esses imóveis, ele vai conseguir fazer perguntas mais úteis e pertinentes para cada situação de negociação.
“Além disso, é possível fazer o ChatGPT entender e lembrar as preferências e necessidades de cada pessoa, para que possa fazer perguntas e recomendações mais personalizadas para cada cliente”, arma ele.
Neste sentido, o corretor de imóveis pode fornecer à ferramenta dúvidas específicas e particularidades dos clientes de cada atendimento, permitindo que ela ajude-o a transformá-los em argumento de venda para a negociação.
Vejamos um exemplo: supondo que um cliente recém-chegado a São Paulo queira saber dados mais precisos sobre a segurança do bairro em que planeja morar. Então o corretor pode fazer essas perguntas à ferramenta que, como um Google mais apurado, poderá respondê-lo em questão de instantes para que ele repasse ao cliente.
Impactos positivos da IA na venda de imóveis
A essa altura já vimos que a influência do ChatGPT no setor imobiliário é majoritariamente positiva, visto que potencializa o trabalho dos corretores e aprimora a experiência dos clientes durante suas pesquisas e tomada de decisões.
Neste cenário, o profissional de tecnologia Rodrigo Murta, CEO da Loopbox, uma plataforma de BI que usa inteligência artificial para consultas e análises dos indicadores de empresas por meio de perguntas, listou para o Imobi Vendas o que considera as maiores mudanças observadas no mercado imobiliário com a chegada do ChatGPT:
1. Maior agilidade no atendimento: o ChatGPT permite a automação de processos e respostas a perguntas comuns, agilizando o atendimento ao cliente e liberando os profissionais imobiliários para se concentrarem em tarefas mais complexas;
2. Melhoria na qualidade do atendimento: com o ChatGPT, é possível fornecer respostas mais precisas e personalizadas às dúvidas dos clientes, melhorando a experiência do cliente e aumentando a satisfação;
3. Redução de custos: A adoção do ChatGPT pode diminuir a necessidade de contratar um grande número de atendentes, resultando em economia de custos.
A influência do chatGPT na venda de imóveis, para Murta, é positiva principalmente em dois aspectos: a facilidade em identificar rapidamente as necessidades dos clientes e sugerir imóveis que se encaixem em seus critérios, aumentando a probabilidade de fechamento de negócios; e a notável melhora da comunicação entre corretores e clientes, o que pode agilizar o processo de vendas e evitar mal-entendidos.
A ferramenta não substitui a experiência humana e há apelo em relação à confiabilidade
Como contraponto nesta discussão, Santana aponta que o ChatGPT não substitui completamente a experiência humana de compra e venda de imóveis. “Continua sendo necessário o envolvimento de um consultor para atender às necessidades do cliente”, reforça.
Murta, apesar de defensor e adepto à nova tecnologia, concorda que a dependência excessiva da ferramenta pode levar à perda do toque humano nas interações, o que é crucial na hora de estabelecer um relacionamento de confiança entre os corretores e seus clientes.
O CEO também observa que, embora boa parte das pessoas veja a IA como uma tecnologia que veio para ficar, ainda é cedo para que seja depositada nela tanta confiança. “Sendo uma tecnologia nova, o mercado ainda precisa ganhar confiança: principalmente porque pode haver preocupações de privacidade e segurança relacionadas ao uso de IA no processo de vendas de imóveis”, ressalta.
Só a ferramenta não basta: indo além da tecnologia
Henrique Santana reforça ainda que no processo de fazer as perguntas certas para o cliente, existem vários fatores que vão além da tecnologia e que não podem ser ignorados.
“Eu falo de ter empatia, conhecimento e experiência do seu mercado de atuação, além de habilidade de comunicação e adaptabilidade. Esses são fatores imprescindíveis na hora de fazer as perguntas certas para o cliente no mercado imobiliário e, mais do que isso, até para que o corretor saiba usar a ferramenta de inteligência artificial adequadamente”, conclui ele.
Para colocar em prática:
A inteligência artificial é vista com bons olhos pelo mercado imobiliário, que pode aproveitar a chegada da tecnologia para aperfeiçoar suas metodologias, assim como inserir os corretores de imóveis em uma nova realidade que pode motivá-los a vender mais e melhor.
Na hora de fazer as perguntas certas, a tecnologia pode ser usada tanto na análise ágil de uma ampla gama de dados, como também na coleta de informações sobre imóveis, bairros e regiões que antes levavam mais tempo para serem apuradas.
Mas a máquina não substitui o ser humano e o envolvimento do corretor nas necessidades e demandas do comprador definitivamente não é algo que pode ser criado com IA – mas apenas aperfeiçoado. Por isso, a empatia e o cuidado com as necessidades do cliente seguem tão relevantes como antes, assim como o conhecimento de mercado.
Matéria Publicada originalmente no portal Imobi Report
