No ritmo das obras do Metrô

Expansão imobiliária, no entanto, ainda se mostra tímida em regiões mais afastadas do centro     Por Estadão, Mobilidade   […]

Por Tarjab
Em 31 de agosto de 2022

Expansão imobiliária, no entanto, ainda se mostra tímida em regiões mais afastadas do centro

 

 

Por Estadão, Mobilidade

 

No jogo de tabuleiro que é o mercado imobiliário de São Paulo, ganham pontos os bairros que recebem uma estação de metrô. E muitas peças já começaram a se movimentar desde o início das obras da Linha-6 Laranja. As incorporadoras não escondem o interesse por regiões abraçadas pelo transporte público. No entanto, há que se destacar que nem todos os lugares estão recebendo a mesma atenção.

Com um custo previsto em, aproximadamente, R$ 18 bilhões, segundo estimativa da própria concessionária Linha Universidade, responsável pelo projeto, a Linha Laranja é apresentada como o maior projeto de infraestrutura em andamento da América Latina. A expectativa da companhia e do Poder Público é que esse gasto se traduza em transformações positivas para a cidade, além da melhoria da mobilidade.

“O Metrô é muito potente para criar empregos e para mudar os lugares”, sintetiza Maria Cristina da Silva Leme, professora de arquitetura e urbanismo da USP. Ela acredita que essa transformação acontece por causa do Plano Diretor da cidade, que estimula o adensamento populacional e construtivo próximo às regiões com boa estrutura de transporte público.
Prova disso são os empreendimentos em construção que, hoje, já fazem parte da paisagem do entorno de futuras estações, como Sesc Pompeia, 14 Bis e Perdizes. Localizado a 450 metros de onde será a nova estação do bairro, o Cardoso 432 é um dos frutos desse desenvolvimento. “A proximidade do metrô foi um fator determinante para decidirmos o local”, confirma Cyro Naufel, diretor institucional da Lopes Construtora.

Rafael Mattioli, gerente comercial da MPD Engenharia, empresa à frente do Hera Perdizes, localizado nas redondezas da estação, corrobora a importância da linha. “A escolha do local foi baseada em uma série de fatores, como localização, público-alvo e opções de lazer, mas a proximidade do metrô agrega valor ao produto”, afirma.

E a transformação do rio para lá?

Enquanto o mercado imobiliário promove uma série de transformações nos bairros do centro expandido, do outro lado das fronteiras físicas e invisíveis do Rio Tietê, a expansão dos prédios ainda caminha a passos lentos. Um levantamento realizado pela Secovi-SP para o Estadão mostrou que, mesmo após o anúncio do metrô, a construção de empreendimentos nas regiões periféricas é um movimento tímido.

 

Para ter ideia, de 2015 a junho de 2022, 18 lançamentos residenciais foram inaugurados a até 1 quilômetro da Estação Sesc Pompeia do metrô. No mesmo período, apenas cinco foram lançados ao redor da Estação Freguesia do Ó, seis da Itaberaba e dois da Brasilândia. Mesmo com números não tão promissores, os moradores desses bairros acreditam numa mudança.

A crença dessa transformação pode estar encontrando abrigo em empresas que abriram os olhos para a região. É o caso da Tarjab, incorporadora responsável pelo empreendimento Origem, localizado a cinco minutos da futura Estação Itaberaba, na Freguesia do Ó. “Sabemos que os transportes coletivos facilitam ainda mais o dia a dia do futuro morador”, justifica Leandro Domingues, gestor de vendas do produto Origem  da companhia.

Para o aposentado Orlando Antoniasi, morador na Brasilândia, o sentimento é de que as coisas vão mudar aos poucos. “O progresso está vindo, e a gente vai crescer junto com ele”, resume. É difícil prever, no entanto, até qual lugar do mapa a evolução promovida pela Linha Laranja tem potencial para alcançar.

O local que vai receber o Pátio Morro Grande – que deve funcionar como uma espécie de garagem e espaço de manutenção para os trens –, por exemplo, ainda parece estar alheio a esse desenvolvimento. Entre terrenos vazios, barulho incessante das construções e vários carros dos funcionários estacionados nas ruas, o que se vê são casas muito simples e o clima interiorano ao redor do imponente canteiro de obras.

Em uma dessas residências vizinhas ao terreno, vive Ramildson Ferreira. “Aqui é muito carente em relação ao transporte, e o metrô vai ser fundamental para melhorar nossa região”, celebra. Ele garante que não se incomoda com o barulho, pois tenta ser tolerante e compreensivo com as transformações. “Eu coloco na balança. E acredito que, no fim, vai tudo valer a pena.”

Matéria publicada originalmente no portal Estadão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


O período de verificação do reCAPTCHA expirou. Por favor, recarregue a página.