Além de espaços mais generosos, residenciais oferecem equipamentos para exercícios, locais para banho e tosa, serviço de ‘dog walker’ e lavanderia exclusiva
Por Valor Econômico -Imóveis de Valor
Os animais de estimação são os mais novos “influenciadores” do mercado imobiliário. Com o aumento da adoção de pets durante a pandemia — 400% em 2020, segundo a União Internacional Protetora dos Animais —, as incorporadoras têm criado espaços exclusivos para acolher melhor os bichinhos nos condomínios.
A turma é grande: no Brasil existem mais de 140 milhões de animais de estimação: 55 milhões de cães e 25 milhões de gatos, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação. O país tem o segundo maior mercado pet do planeta e faturou mais de R$ 40 bilhões em 2020, atesta o Instituto Pet Brasil (IPB).
Esse fenômeno gerou uma transformação no mercado imobiliário nacional. Apenas no estado de São Paulo, 70% dos novos empreendimentos já contam com áreas exclusivas para os animais, segundo levantamento do Creci/Regional Campinas.
Nos condomínios mais modernos, os pet places têm metragens generosas, circuitos de passeio, brinquedos para exercícios de adestramento, bebedouros adaptados, lava-patas e espaço para banho e tosa.
“Hoje, 100% dos nossos novos lançamentos já têm esse tipo de espaço”, afirma Marcelo Dzik, diretor-executivo da Even Incorporadora. O Arbo Brooklin tem playground, gramados e bancos para os donos dos bichos. Na lavanderia coletiva do Yby Ibirapuera, uma das máquinas destina-se apenas às roupas dos pets.
Dzik informa que a tendência já começa a chegar ao layout dos apartamentos para atender aos pedidos de adaptação das plantas em razão dos bichos. “Recentemente, fizemos várias prateleiras em um imóvel para servir de playground para os gatos da moradora”, informa.
ESPAÇOS COMPATÍVEIS
As dimensões desses espaços interferem cada vez mais na decisão de compra dos imóveis. Os interessados que têm animais de estimação buscam sempre empreendimentos com áreas livres compatíveis ao tamanho de seus pets na hora de escolher a futura casa.
“Quem tem cachorros grandes tende a buscar espaços maiores para que os animais possam se exercitar e gastar energia”, conta Liliane Fabreti Ros Domingues, arquiteta e gerente de Produtos da Tarjab Incorporadora. Atenta a isso, a empresa não tem economizado na metragem das áreas pet em seus projetos.
É o caso do Harmonie, cujo pet place tem 347 metros quadrados, paisagismo com gramado natural e árvores, bancos para os moradores, túneis, cones e rampas de madeira para os cães. Em outro prédio da incorporadora, o Tangram, foi instalado um dog shower para que os tutores possam fazer a higiene dos pets sem precisar sair do prédio.
A Frahia Incorporadora segue a tendência. “Essa é uma demanda do mercado, algo tão importante quanto os itens de lazer para os moradores”, diz o CEO, Marcelo Frahia. No edifício Humberto Primo Reserva, cão e dono praticam esportes lado a lado: o pet agility, com 243 metros quadrados de grama, terra e plantas para os cães, fica bem ao lado da quadra de tênis. Já no Casa Mariana, o jardim dos pets é inclinado exatamente para que eles possam gastar toda a energia.
Oferecer serviços é um plus. No Rio, os moradores dos empreendimentos Oceana Golf e Atlântico Golf, ambos da Patrimar Incorporadora, contam com serviço de dog walker, que pode ser contratado via aplicativo próprio dos condomínios. “Como o número de casais com pets só aumenta, essa é uma tendência na qual continuaremos investindo”, afirma Juliana Lembi, gerente de Novos Projetos da empresa.
Outra questão importante no projeto é a segurança. Os espaços precisam ser cercados, e o ideal é que sejam construídos mais afastados das torres residenciais e com acesso pela área de serviço do condomínio, a fim de não incomodar os demais moradores. As instalações devem ser fáceis de limpar e manter, por isso, a maioria das empresas aposta em gramados.
Outro foco de atenção diz respeito à vegetação do local e do seu entorno, que deve evitar plantas tóxicas e pontiagudas. Entre os brinquedos, rampas, túneis e arcos são os mais indicados para que os cães possam ser treinados. Apesar de todas essas exigências, as incorporadoras acham que o investimento vale a pena.
“São áreas externas que dividem espaço com as de lazer, e o investimento é basicamente a compra dos equipamentos de exercícios. Vale a pena porque tem sido um fator importante na hora de o cliente decidir pela compra do apartamento”, explica Carmem Carelli, gerente de Incorporação da Yuny.
Matéria Publicada originalmente no jornal Valor Econômico – Imóveis de Valor
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